A Lusitana 3 radica numa grande família de ânforas de pequena dimensão e fundo plano e anelar (fig. 1), genericamente associadas a conteúdos vinários, nomeadamente a Gauloise 4 gálica (LAUBENHEIMER, 1985) e a Dressel 28 peninsular (ver fichas sobre este tipo). Teve como primeiro descritor D. DIOGO (1987), que destacou este formato da Almagro 51C. Integra-se assim numa corrente que D. Bernal classificou de pan-hispânica (ver ficha sobre a Gauloise 4 da costa da Bética), a qual levou à sua reprodução, com nuances, na costa setentrional tarraconense (LÓPEZ & MARTIN, 2008), na costa central tarraconense (GISBERT, 1999) e mesmo na costa galega da mesma província (ânforas de Bueu: MORAIS, 2007). Outros autores não aceitam a individualização deste tipo, denominando a morfologia de Almagro 51c, variante a (MAYET, 2001; MAYET, SCHMITT & SILVA, 1996; MAYET & SILVA, 1998; 2002), considerada uma primeira etapa desta ânfora.
Figura 1 – Lusitanas 3 completas (colecção Museu Nacional de Arqueologia. Fotos MNA / João Almeida) |
A Lusitana 3 possui uma altura de 46 cm (QUARESMA, 2005 - fig. 2) a 60 cm (MAYET & SILVA, 1998, p. 120 -fig. 6, nº 1) e uma largura que pode variar entre os 25 e os 35 cm. O bocal atinge 7 a 10 cm de diâmetro e o colo curto mede 6-7 cm, em média. O bordo é normalmente em fita, de secção sub-rectangular ou convexa, espessado, liso ou com uma ou mais ranhuras ou caneluras externas. Asas em fita partem imediatamente abaixo do bordo, com perfil arqueado e um ou mais sulcos longitudinais. A base das asas assenta em ombros arredondados, num corpo de perfil contínuo, piriforme ou ovoide, mais estreito na parte inferior e terminado em pé-de-anel baixo, com 1 a 1,5 cm de altura e 6 a 8 cm de diâmetro
Figura 2 – Lusitanas 3 completas recolhidas por pescadores no Tejo (nºs 1 a 3 = QUARESMA, 2005, nºs 22 a 24) |
Os únicos exemplares inteiros indicam uma possível distinção de altura e morfologia entre os centros produtores dos vales do Tejo e do Sado. Os três exemplares recolhidos por pescadores no Tejo (QUARESMA, 2005, nºs 22-24; fig. 2) apresentam uma altura que varia entre 46,1 e 46,7 cm, com corpo piriforme que pode atingir os 34,8 cm de largura; comparativamente, o único exemplar inteiro do vale do Sado (DIOGO, 1987; fig. 4) possui corpo ovoide mais alongado longitudinalmente (altura máxima de cerca de 55 cm). Por outro lado, nos centros oleiros do vale do Tejo (Porto dos Cacos e Quinta do Rouxinol), os bordos tendem a ser verticalizados, por vezes de secção ligeiramente convexa, e muito raramente amendoados (RAPOSO, 1990, 126) (fig. 3); no vale do Sado (nomeadamente no centro da Herdade do Pinheiro), embora também possa surgir o bordo amendoado, o perfil arqueado domina (MAYET & SILVA, 1998) (fig. 6).
Figura 3 – Lusitanas 3 do centro produtor do Porto dos Cacos (nºs 1 a 4 = RAPOSO, 1990, nºs 72, 73, 77 e 78) e do centro produtor da Quinta do Rouxinol (nºs 5 e 6 = DUARTE, 1990, nºs 22, 23) |
Figura 4 – Lusitana 3 completa do vale do Sado (DIOGO, 1987) |