Para os exemplares algarvios da ânfora Dressel 14, não dispomos de dados estratigráficos precisos devido múltiplos factores, pois trata-se de peças provenientes de intervenções antigas, de simples recolhas de superfície ou de intervenções de emergência em que houve dificuldade em implementar um registo cuidado e pormenorizado.
A intervenção realizada por Leite de Vasconcellos não registou materiais associados que ajudem a datar estes exemplares. As Dressel 14 de S. Bartolomeu de Castro Marim foram habitualmente identificadas como variantes tardias (FABIÃO, 2004). A valorização recente da marca LFT sugere a já mencionada evidência de um exemplo de tria nonima, portanto de maior antiguidade (MORAIS & FABIÃO, 2007).
Figura 4 – 1-7. Ânforas Dressel 14 da Manta Rota (VIEGAS, 2006, Fig. 2 e 3) |
Se seguirmos as variantes propostas para as produções sadinas (Ver Ficha Dressel 14 Lusitania ocidental), as mais antigas encontram-se praticamente ausentes do Algarve. Apenas na Manta Rota se assinalou um exemplar próximo da chamada variante A, idêntica à Haltern 70 (VIEGAS, 2006, 180, Fig. 2, nº 1 ) (figura 4, nº 1). A maior parte dos exemplares recuperados na intervenção realizada nos anos 90 por Cristina Garcia, correspondem a bordos de perfil triangular com grandes semelhanças formais com os de Abul, concretamente da variante B, datada da segunda metade do séc. I d.C. (Mayet e Silva, 2002, 103-105). No entanto, estão também presentes os exemplares de bordo semicircular.
Nos fornos do Martinhal, os autores do recente estudo acerca da olaria baixo-imperial identificaram como Martinhal 1 uma forma que corresponde à variante tardia da Dressel 14 (BERNARDES et alii, 2013, Fig. 5, p. 320), anteriormente integrada em tipos afins à forma Beltrán 65 A (SILVA, COELHO-SOARES & CORREIA, 1990, 225-246). Não são apontados dados cronológicos para este recipiente que, pelas suas dimensões, é inserido num “(...) fenómeno de miniaturização dos contentores neste centro produtor (...)” (BERNARDES, et alii, 2013, 320). Trata-se de um conjunto de fragmentos caracterizado “(...) por possuir um colo estreito e troncocónico, podendo ainda ser cilíndrico, por vezes com carena interna a demarcar a transição para o bojo; os bordos, rectilíneos ou ligeiramente esvasados, terminam num lábio arredondado ou triangular, ocasionalmente biselado na parte inferior. A asa, de secção transversal ovalada, arranca sob o lábio ou a meio deste e repousa na parte superior do bojo” (BERNARDES, et alii, 2013, 320) (figura 5).
Figura 5 – 1-4. Ânforas Dressel 14 tardias -Martinhal 1 (BERNARDES et alii, 2013, Fig. 5. 1 e 2) |
Efectivamente, no Algarve parecem dominar a variantes designadas de “Dressel 14 tardia” de menores dimensões, com uma altura total inferior a 100 cm e um período de produção estimado entre os finais do século II e os inícios do século seguinte. Se nos exemplares do Sado o bordo apresenta diâmetros entre 16 e 17 cm, com grande variedade de perfis, o colo apresenta-se mais baixo e as asas mais curtas, em fita, pouco espessas e sem a canelura (MAYET & SILVA, 2002, 171-173), as formas algarvias apresentam outros detalhes. No único local onde possuímos onze peças completas, S. Bartolomeu de Castro Marim verifica-se que a altura varia entre os 83 e os 92 cm, sendo os bordos de perfil triangular, voltados para o exterior, detendo uma abertura entre os 19 e os 19 cm de diâmetro. O colo apresenta-se cilíndrico e curto, determinando uma menor dimensão para as asa que mantêm o sulco longitudinal bem marcado. O corpo que atinge um diâmetro máximo de 34 cm, apresenta-se cilíndrico com tendência para o ovóide em alguns exemplares.
Bordo: em fita, saliente, por vezes marcado por canelura na base, na variante mais precoce; de secção triangular, extrovertido e por vezes ligeiramente encurvado; ou de secção arredondada, por vezes com espessamento interno.
Colo: curto, cilíndrico ou ligeiramente bitroncocónico.
Asa perfil: curva que sai da parte inferior do bordo e apoia no ombro.
Asa secção: elíptica, com sulco longitudinal na face externa.
Ombro: suave, normalmente sem carena na ligação ao colo.
Corpo: cilíndrico ou com tendência ovóide.
Base: troncocónica e oca, terminada em extremidade com grande diversidade formal, também ela oca ou, mais frequentemente, preenchida por nódulo interno.
Metrology | Value |
---|---|
Maximum height (cm) | 90 |
Maximum width (cm) | 34 |
Maximum rim diameter (cm) | 17-19 |
Container weight (kg) | - |
Typical Capacity (Lt) | 35 |