A distribuição da Lusitana 9 estará certamente subavaliada pela sua frequente inclusão em conjuntos de cerâmica comum, com a qual se confunde quando em estado fragmentário.
Ainda assim, este tipo está atestado em unidades de transformação de pescado das zonas estuarinas do Tejo e do Sado, como as da Rua dos Correeiros, em Lisboa (BUGALHÃO & SABROSA, 1995, 386; BUGALHÃO, 2001), e de Tróia, em Setúbal (PINTO et alii, 2012). Surge também em centros de consumo de zonas interiores, de que são exemplo as villae de São Cucufate e do Monte da Cegonha (PINTO & LOPES, 2006), localizadas no território de Pax Iulia (Beja). No litoral sudoeste, surge um exemplar no centro urbano de Chãos Salgados, Mirobriga (QUARESMA, 2012).
D. DIOGO (1987, 184) defendeu que, “pela forma”, a Lusitana 9 deveria ser uma “ânfora piscícola”. Essa ideia pareceu reforçada com a identificação de dois peixes grafitados no corpo de um exemplar recolhido no Porto dos Cacos (RAPOSO & DUARTE, 1996, 253 e fig. 6, n.º 1. fig. 4, nº 2). No entanto, a mesma evidência epigráfica permitiu a C. FABIÃO (1997, 51-52) considerar “pouco verosímil” a interpretação literal desse desenho (peixe = peixe), “numa época em que o mesmo possuía um valor simbólico (peixe = Cristo)”, amplamente documentado no corpo de ânforas vinárias. O mesmo autor contextualizou posteriormente a atribuição da Lusitana 9 ao transporte de vinho de produção local (FABIÃO, 1998, 191-192).
Na bibliografia relativa ao Sado, onde é utilizada a denominação Sado 2 para este tipo de ânfora (MAYET & SILVA, 1998; 2002; 2009; MAYET, 2006), defende-se que terá servido como contentor para preparados de peixe.
Não existe consenso científico quanto às duas hipóteses em presença: conteúdo piscícola ou conteúdo vínico.