Distribution

A dificuldade na distinção entre as produções dos vales do Tejo e Sado e as produções meridionais pode constituir um problema na identificação dos exemplares, limitando, por isso, a abordagem à sua distribuição. O facto de os autores não referirem igualmente os fabricos Sado/Tejo ou algarvios das Dressel 14 que apresentam constitui outro elemento que dificulta a análise da sua difusão.

A difusão das ânforas Dressel 14 algarvias não parece ter sido muito ampla. Nos centros de consumo mais próximos, como os núcleos urbanos do Algarve oriental e central, Castro Marim (Baesuri), Torre de Ares (Balsa) e Faro (Ossonoba), as ânforas Dressel 14 são escassas e as que foram identificadas correspondem quer a produções meridionais, quer ocidentais da Lusitânia (Sado e Tejo) (Viegas, 2011). Ausente dos conjuntos estudados de Faro, a Dressel 14 lusitana encontra-se escassamente representada em Castro Marim (antiga Baesuri) e em Torre de Ares (antiga Balsa), correspondendo a apenas 2 % e 6,6 % do total de ânforas do Alto Império, respectivamente. Os dados recolhidos por E. Garcia Vargas em Sevilha (Hispalis), indicam igualmente que as ânforas lusitanas (Dressel 14) são pouco abundantes nos contextos alto-imperiais, registando-se mesmo a ausência de fabricos que podem atribuir-se às produções algarvias (da Lusitânia meridional) (GARCÍA VARGAS, 2007, 332).

Para se obter uma noção geral da distribuição das ânforas Dressel 14, remetemos para a Ficha da Dressel 14 da Lusitânia Ocidental, onde procurou sistematizar-se a informação relativa ao consumo interno na Lusitânia, os dados correspondentes à comercialização de longo curso, e os decorrentes do consumo em centros urbanos ou procedentes de achados de naufrágios.

De referir igualmente que o quadro acerca da distribuição desta ânfora é ainda muito incompleto e conhecerá certamente importantes alterações num futuro próximo, com a publicação de novos dados, quer no “mercado interno“ da Lusitânia, que consideramos ter sido um destino importante destas produções, quer enquanto exportação para paragens mais longínquas.

Contudo, a julgar pela informação de que actualmente dispomos, parece correcto apontar uma difusão mais restrita para os exemplares algarvios da Dressel 14, relativamente ao que sucede com as suas congéneres sadinas e taganas.

Content

Genericamente, as observações realizadas a propósito das Dressel 14 da Lusitânia ocidental são válidas para aferir o conteúdo dos exemplares algarvios. Assim, os vários elementos que permitem atribuir determinado conteúdo a uma ânfora apontam para que a Dressel 14 tenha transportado preparados piscícolas.